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Loteamento de camisa



Nos anos 80 a camisa do Bangu trazia, além do escudo, um castorzinho. Referência ao seu maior patrocinador, o bicheiro Castor de Andrade. Nessa época, as camisas de futebol pelo Brasil se transformaram em lucrativo espaço de propaganda. Quem não se lembra de marcas como Petrobras, Bombril, Coca-cola, Casas Bahia, Pespi e Cofap?

Daí as camisas foram tendo todo seu território recortado e loteado. Tudo se aproveita. Mangas, laterais, frente e verso e até a gola servem. Se cada pedaço de pano vale dinheiro, porque não vender? Entre os interessados estão as BETs, bancos, fabricantes automotivos, construtoras, indústrias alimentícias. A lista é longa.

No entanto, o “pagando bem que mal tem” já causou desconforto em duas situações. Primeiro foram Clubes e Federações que ao receberem proposta do site de acompanhantes Fatal Model, fizeram jogo duro. Mas, depois de rebolarem daqui e de lá, tudo se encaixou e hoje a Fatal Model patrocina Ponte Preta, Vitória e os campeonatos Carioca e Gaúcho.

A outra situação, digamos, inusitada, foi a recusa do Corinthians diante de proposta da Shopee. Seria uma situação pontual, rapidinha, para apenas dois jogos do Timão nas oitavas de final da Copa do Brasil. Porém os dirigentes do clube se preocuparam com uma ridicularização internética a partir de memes tais como “Timão da Shopee”.

De minha parte acho tudo isso sem pé e sem cabeça. Porque dos Bancos que nos encurralam pelos bolsos e nos falsificam a existência, torcedor nenhum se envergonha. Mas devia.


Rafael Alvarenga

(Texto publicado, originalmente, na Folha dos Lagos em 23-08-2024)

 

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