O choro de CR7 ao perder um pênalti durante a prorrogação da partida entre Portugal X Eslovênia corre o mundo. Tal como esse momento, me lembro de outro quando ele retirou uma garrafa de Coca-Cola da bancada em frente a qual daria entrevista. No lugar do xarope de açúcar ele pôs água e disse que atleta não bebe refrigerante.
Era o destemido titã lusitano versus a poderosa marca estadunidense de bebidas. E ninguém, nem o Tio Sam em pessoa, apareceu para dizer que o patrocinador devia ficar a frente de tudo e de todos.
Cristiano Ronaldo joga sua última Eurocopa. Aos 39 anos sabe que sua carreira se aproxima do fim. Já nós, aqui do lugar que cabe a humanidade, sabemos que ele ainda atua em bom nível devido a uma preparação holística seguida com disciplina. O esforço diário para se manter bem fisicamente e o treino técnico incessante fazem dele um exemplo.
Mas não me venham dizer que tudo só depende do indivíduo, que basta se esforçar e toda essa pseudo sociologia meritocrática. Cristiano teve boa orientação familiar, ainda que simples. Boas companhias e, acreditem, alguma sorte. Transformou-se tanto num atleta formidável quanto numa pessoa que se posiciona sobre a urgência de educação e qualidade de vida para o povo. E se alguma vez jogou microfones no lago, foi porque o importunaram.
O choro de CR7 é o de um titã do futebol. Alguém que não nasceu com o divino dom de jogar. Por isso teve de roubar dos deuses do futebol o fogo artificial com o qual nos presenteia a cada lance.
Rafael Alvarenga
Cabo Frio, 08 de julho de 2024
(Publicado na Folha dos Lagos em 05 de julho de 2024)
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