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O futebol é humano



 

Em 1985 Juventus e Liverpool jogaram a final da Taça dos campeões europeus. Mas a partida, realizada no Estádio de Heysel, em Bruxelas, na Bélgica, não ficou na história pelo gol de Platini que levou o título para Turin. A referência que temos daquele 29 de maio é a de uma grande tragédia.

Barreiras ao redor do estádio foram facilmente ultrapassadas pelas avalanches de torcedores. Cercas de arame foram desfeitas como nós em barbantes. Havia pouca segurança. Negligência quanto às ações protetivas. Então, quando o muro, cujas estruturas estavam frágeis, caiu matando 39 pessoas e ferindo centenas o mundo ficou estarrecido.

E eis que no domingo passado, dia 14 de julho, em Miami, EUA, a final da Copa América entre Argentina e Colômbia nos apresentou, ao vivo, o perigo de outrora. O Hard Rock Stadium não tinha planejamento de segurança adequado. Desdenhou da poderosa capacidade de uma avalanche de torcedores pular cercas, passar por dutos de ar e entrar em confronto direto com seguranças. Daí, o gás de pimenta comeu solto, assim como a truculência cega que lançou ao chão, crianças, homens e mulheres que traziam o ingresso no bolso.

Os sentimentos que o futebol desperta jamais podem ser subestimados. São paixões poderosas. Ocasião de impulsividade que pode ser desencadeada em qualquer lugar do planeta. Mas, claro, quando acontece em um país pobre do sul é porque é um país pobre do sul.

O que autoridades e excelências devem saber é que o futebol é humano. Tanto no norte quanto no sul.


Rafael Alvarenga

Cabo Frio, 17 de julho de 2024

(Texto originalmente publicado na Folha dos Lagos em 19-07-2024)

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