Há pouco tempo atrás os grandes medalhistas brasileiros em Olimpíadas seguiam o perfil do homem branco de classe média com educação escolar avançada. Robert Scheidt, Torben Grael, Gustavo Borges e Marcelo Ferreira são exemplos. Todos eles foram grandes atletas e merecem nossos aplausos.
Agora, devemos observar que o perfil do atleta brasileiro que vem conquistando o brilho olímpico mudou. Rebeca Andrade, Rafaela Silva, Beatriz Souza e Isaquias Queiroz. São mulheres, em sua maioria. São negras(os), conheceram o esporte através de Projetos Sociais, cresceram em periferias e vieram de uma classe social onde ainda está a maioria de nós.
Mas, com isso, não desejo demonizar um indivíduo através de uma resumida tipificação. Ser branco não é defeito. Assim como ser negro não deve, jamais, ser motivo para desqualificação. Também não desejo estimular um mundaréu de crianças e jovens a tentarem sair da pobreza através do esporte. E o motivo é simples: são pouquíssimas vagas!
Praticar esporte e ter qualificação educacional e profissional continuada torna as pessoas melhores. Por isso, precisamos de políticas públicas que ofertem chances. Simplesmente porque isso melhora as pessoas e as pessoas melhoram o mundo.
Houve no Brasil, nas últimas décadas, uma pequena ampliação de oportunidades. Os Jogos Olímpicos de Paris estão mostrando isso. Se houver incentivo, a(o) brasileira(o) brilhará em todas as classes. Sem incentivo, só chega lá quem pode pagar.
Rafael Alvarenga
(texto publicado, originalmente, na Folha dos Lagos em 09 de agosto de 2024)
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