O futebol é a língua mais falada no mundo! Por isso, quando o jogador Mbappé pediu votos contra o Reagrupamento Nacional – partido francês de extrema direita – foi ouvido e a resposta berrou nas urnas.
Mundo a fora, políticos conservadores tentam bloquear a migração de pobres do sul para o norte rico. Exceto quando o imigrante oferece, como espólio de guerra, seu rebento na forma de craque esportivo. Aí pode ficar, mas lembrando que o gol deve ser comemorado com palmas!
Na França, Zidane e Mbappé. Na Espanha, Yamal. Na Bélgica, Lukako. E até no Canadá Alphonso Davies e Jonathan Osorio ajudaram a levar a seleção da América do norte a semifinal da Copa América de 2024. Quem assistiu a alguma partida canadense nesse torneio percebeu que mais da metade do time é composto por imigrantes de primeira e segunda geração.
Todos esses jogadores de destaque precisam ser encorajados – e também pressionados – a se posicionarem sobre questões sociais, econômicas e políticas. Eles têm sob os pés um local que os destaca, o dos ídolos esportivos. Precisam segurar microfones e, através da língua mais falada no mundo, denunciar o que e quem oprime os povos.
Sei que muitos me questionarão sobre a capacidade desses jovens, em sua maioria pouco instruídos, de falar sobre temas que vão além do jogo. No entanto, contra isso a resposta já está pronta. O explorador pode até se disfarçar, mas quem já foi explorado reconhece seus gestos. Ainda que tantas vezes se cale.
Rafael Alvarenga
Cabo Frio, 10 de julho de 2024
(Publicado no Jornal Folha dos Lagos em 12 de julho de 2024)
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